Matriz - São José dos Pinhais
Uma montadora de máquinas agrícolas de médio porte do Paraná, que já foi alvo de tentativas de aquisição por parte das três grandes multinacionais do setor, brilha no mercado de colhedoras com um produto até agora inédito no mundo.
A Montana, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, produz a única colhedora no mercado específica para lavouras de algodão adensado, uma modalidade de cultivo que usa a metade do espaço normal entre as linhas de plantio, elevando a quantidade de plantas por hectare.
Com a ideia, a empresa já vendeu toda a produção de 40 unidades prevista para 2011, com custo unitário próximo dos 400 mil reais, e prepara expansão da linha de produção para fazer cem máquinas em 2012.
A aposta da Montana é a de que os agricultores brasileiros vão preferir cada vez mais o plantio adensado em vez do convencional, por ter um custo cerca de 15 por cento inferior, já que utiliza uma quantidade menor de insumos caros como defensivos agrícolas e exige uma menor área de cultivo.
O plantio de algodão adensado ainda responde por somente cerca de 10 por cento da área total de cultivo no Brasil, mas Gilberto Zancopé, proprietário da Montana, acredita que em pouco tempo esse percentual vai crescer para cerca de 50 por cento.
"Nós decidimos fazer uma colhedora de algodão após o Brasil vencer uma disputa contra os EUA na Organização Mundial do Comércio. Acreditávamos que o cultivo no país iria crescer", afirmou Zancopé a jornalistas após receber o prêmio Melhores da Terra concedido pelo Grupo Gerdau, durante a Agrishow, maior evento de máquinas agrícolas da América Latina, em Ribeirão Preto (SP).
"A ideia inicial era fazer uma máquina convencional, mas recebemos pedidos de produtores para desenvolver uma colhedora de algodão adensado. Resolvemos apostar e foi um sucesso."
Segundo ele, outra vantagem do plantio adensado é o de que, por ter um espaçamento entre as linhas de plantas similar ao da soja e do milho, o produtor pode utilizar o mesmo tipo de plantadeira para os três, racionalizando o uso de máquinas.
CRESCIMENTO
Zancopé acredita que as cem colhedoras que pretende vender em 2012, que custam quase a metade de uma máquina convencional, vão acrescentar 50 milhões ao faturamento anual da Montana, estimado em 215 milhões de reais para 2011.
Sobre o assédio de Case, John Deere e Agco, o trio que domina o mercado global de colhedoras, ele diz que preferiu recusar, por acreditar que ainda pode agregar muito valor ao seu negócio.
"Eu acredito que existe espaço para uma grande produtora de máquinas brasileira. Temos as melhores tecnologias dentro da porteira, por que não podemos ter também fora da porteira?", questiona.
Ele diz que as grandes companhias do setor não pensam, por enquanto, em projetar uma colhedora para lavouras adensadas de algodão, para competir com seu produto, porque não acreditam que o plantio adensado vá crescer no ritmo projetado pela Montana.
"É uma aposta. Mas até agora tem dado certo pra gente", diz o empresário, um economista e ex-bancário que decidiu entrar no setor em 1996 por achar que havia espaço para novos players.
Com os preços do algodão nas máximas históricas, em meio ao crescimento da demanda e baixos estoques globais, a produção da pluma no Brasil, que já disparou 70 por cento na safra atual, deve continuar crescendo na próxima safra, o que vai beneficiar os fabricantes de equipamentos.
CAFÉ
O próximo projeto da Montana é uma colhedora de café. Zancopé acredita que a colheita mecanizada no Brasil, o maior produtor mundial, vai crescer enormemente nos próximos anos, devido à dificuldade em encontrar mão-de-obra em meio à situação de quase pleno emprego no país.
"Esse mercado vai explodir. A colheita manual não será mais economicamente viável em pouco tempo", afirma.
Ele pretende lançar o equipamento, que vai disputar espaço com outros fabricantes no país, na próxima edição da Agrishow, em 2012.
Fonte: O Globo
Foto: Montana
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