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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

De olho no quintal do vizinho

Os números do mercado de imóveis nas seis cidades da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) pesquisadas pelo Perfil Imobiliário 2011 (Araucária, Campo Largo, Colombo, Fazenda Rio Grande, Pinhais e São José dos Pinhais) mostram que a região cresceu muito nos últimos dois anos e tem potencial para mais expansão, principalmente nos segmentos de imóveis mais baratos.

A facilidade de financiamento – oportunizada por programas como o “Minha Casa, Minha Vida” – e o desenvolvimento de infra estrutura viária e de serviços nessas cidades fez com que a oferta de imóveis na RMC dobrasse. Entre 2007 e 2009 foram colocados à venda 20 grandes empreendimentos na região. Nos dois últimos anos, 2010 e 2011, o número de lançamentos saltou para 47. A maioria das unidades disponíveis atualmente (51%) se encaixa no padrão supereconômico, no valor de até R$ 120 mil, o que faz dos municípios da RMC locais especialmente atraentes para famílias com renda de até dez salários mínimos.

De março de 2009, início do Minha Casa, Minha Vida no país, a outubro de 2011, o número de unidades habitacionais financiadas com recursos do programa na RMC encostou no de Curitiba: 17.102 residências contra 22.164 na capital paranaense no mesmo período. Com um detalhe: o valor limite de imóvel pelo Minha Casa, Minha Vida nos municípios vizinhos de Curitiba é 13% menor, de R$ 130 mil. “É mais fácil utilizar o financiamento do MCMV nos municípios vizinhos, porque há mais terrenos disponíveis e a maior oferta gera menor custo. A limitação de valor imposta pelo programa faz com que seja preciso encaixar o projeto todo nesse valor, por isso a região metropolitana se torna mais interessante”, comenta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Paraná (Sinduscon-PR), Normando Baú.

Obra da MRV em São José dos Pinhais. Município é o que mais desenvolveu o setor imobiliário na RMC, com 56% de todos os imóveis ofertados na região em 2011

“O poder aquisitivo aumentou, ficou mais fácil comprar o primeiro imóvel. Uma parcela de um imóvel supereconômico custa em torno de R$ 500, mais barato que pagar aluguel. Como o déficit da habitação é muito grande, estes imóveis mais baratos atendem a maior parte da demanda represada na região”, diz o engenheiro Frederico Demario, responsável pela obra do Cantareira Spazio, empreendimento da MRV Engenharia, em São José dos Pinhais.

O preço foi o fator principal para a decisão da família da manicure Tânia Maria Machado, 39 anos. Ela, o marido e a filha sempre moraram no Bairro Alto, em um terreno de familiares que precisou ser desocupado. Em janeiro, a família iniciou a busca por uma nova moradia, visitando empreendimentos e casas na região do Guaraituba, em Colombo, e na Fazenda Rio Grande.

Foi neste último município que, em outubro, eles encontraram uma casa de 68 metros quadrados, à venda por R$ 110 mil. “Usamos o FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] do meu marido como entrada e o restante vamos pagar em 25 anos. É como a conta cabe no nosso orçamento. Pode parecer muito tempo, mas é melhor do que passar todo esse tempo pagando aluguel”, diz.

A manicure comenta que a mudança da capital para a região metropolitana não deve afetar o dia a dia da família. “Fomos conhecer a região e encontramos os mesmos mercados, escolas e lojas que já conhecemos em Curitiba. E pude até perceber que alguns serviços são mais baratos”, comemora. Telma ainda ressalta que a facilidade de acesso à BR-116 e a um terminal de ônibus interurbano deve facilitar a ida à capital, onde a manicure e o marido trabalham.

Características

De acordo com a pesquisa Perfil Imobiliário, a RMC oferece imóveis pequenos, com uma área privativa média menor que a de Curitiba: 64 metros quadrados, enquanto na capital encontra-se, em média, 113 metros quadrados. O preço médio dos imóveis nestas cidades gira em torno de R$ 181.155, bastante inferior à média de R$ 607.680 de Curitiba.

A renda média de quem mora nos municípios pesquisados condiz com o perfil dos imóveis ofertados. A maior parte da população (46%) recebe de dois a cinco salários mínimos e 19%, de cinco a dez salários, o que permite o encaixe nas exigências do Minha Casa, Minha Vida.

Futuro

A previsão para novas moradias nestes municípios até 2015, com base nas estimativas do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc) e do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é maior do que para Curitiba: em torno de 14%, passando dos 303.939 domicílios para 353.653, enquanto a capital deve registrar um aumento de 9,5%, de 576.211 residências para 636.494. O crescimento no número de domicílios da RMC deve se concentrar principalmente em Colombo e São José dos Pinhais.

Aliás, é São José dos Pinhais o município que mais concentra lançamentos, com 56% do total de empreendimentos novos da RMC (3.145 apartamentos), seguido de Pinhais (16%), Fazenda Rio Grande (14%), Araucária (7%), Colombo (5%) e Campo Largo (2%).

O preço baixo e o crescimento na oferta é que chamaram a atenção do casal Walter e Terezinha Brito. Os dois viveram por mais de 20 anos em um imóvel cedido pelo patrão de Walter, em Curitiba. “Sempre sonhamos em comprar uma casa. Moramos muito tempo em um apartamento, queríamos mais espaço”, diz Terezinha.

Com o orçamento apertado, o casal resolveu recorrer a um financiamento para adquirir a tão sonhada casa própria. “Nossas condições só permitiam comprar uma casa na região metropolitana. É bem mais barato que comprar em Curitiba”, afirma Terezinha. Após muita pesquisa, encontraram uma casa que cabia no orçamento em São José dos Pinhais. Com dois quartos, o imóvel custou R$ 56 mil.

Felizes da vida: depois de mais de 20 anos em Curitiba, Walter e Terezinha Brito encontraram um imóvel que coube no bolso em São José dos Pinhais

Apesar de trabalhar em Curitiba, o custo do deslocamento compensa, segundo o casal. Terezinha trabalha no bairro Água Verde e Walter, na região central da capital. “Mesmo com o preço da gasolina ainda compensa morar em São José”, diz Terezinha.

São José dos Pinhais

A maior cidade da RMC oferece 56% dos empreendimentos disponíveis da região. A localização privilegiada – com acesso a três rodovias – e o aeroporto contribuíram para a instalação de empresas e para a consequente migração para o município. “A maioria das construções disponíveis é de edificações populares, com no máximo 70 metros quadrados, de até quatro andares”, explica o responsável pelo Creci-PR, Dilermando Eleuterio. As regiões próximas ao aeroporto – bairros Rio Pequeno, Jardim Cruzeiro, Parque da Fonte e Guatupê – são as que devem receber novos empreendimentos, pois ainda dispõem de áreas livres.

Fonte: Gazeta do Povo

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