Dona Liduvina acompanha o ex-marido Nelson em consulta com o doutor Felipe.
São José dos Pinhais é a primeira cidade do Paraná a ter um ambulatório específico para psiquiatria geriátrica. O Programa de Atenção à Terceira Idade, criado pela Prefeitura em agosto de 2011, funciona no Hospital Atílio Talamini. O atendimento é feito todas as quintas-feiras. Além da atenção ao idoso, o diferencial do ambulatório é a preocupação também com os cuidadores, que sofrem e até ficam doentes em virtude da situação.
Cerca de 70 pacientes são atendidos mensalmente no ambulatório, que possui ainda o cunho de aprendizado, uma vez que nele atuam os médicos residentes de psiquiatria, orientados por um médico preceptor. A residência médica foi implantada pela Prefeitura no ano passado. Atualmente, oito residentes em psiquiatria fazem parte do sistema de saúde municipal.
O Programa de Atenção à Terceira Idade foi criado com a proposta de atender aos idosos de forma integral, contemplando necessidades físicas, morais e psicológicas. Os pacientes do ambulatório de geriatria geralmente possuem mais de 65 anos e apresentam problemas como alterações cognitivas, depressão, Mal de Parkinson, esquizofrenia e bipolaridade.
Outro trabalho desenvolvido pelo ambulatório é a assistência à comunidade através de grupos de orientações aos cuidadores, destinados principalmente àqueles que lidam com pessoas mais dependentes, como portadores de Alzheimer e outras patologias que causam alterações fisiológicas. “Muitas vezes o cuidador não entende o que está acontecendo com o paciente, por isso fazemos essa orientação e falamos da evolução da patologia para que ele fique mais preparado”, explica a diretora do Departamento de Atenção Especializada da Secretaria Municipal de Saúde, Maria Graziela Linares e Fernandes.
“Fazemos a chamada psicoeducação, que é orientar para que os cuidadores tenham melhor manejo com o paciente, pois muitas vezes a melhor saída não é a medicação, e sim um melhor acolhimento”, destaca o médico preceptor do ambulatório de geriatria, Felipe Augusto Dufloth. São realizadas duas oficinas distintas de psicologia: uma com os próprios pacientes e outra com os cuidadores. “Isso porque, muitas vezes, o familiar fica com receio de perguntar algo na frente da pessoa que está doente”, afirma Graziela.
A reabilitação cognitiva e fisioterápica dos idosos é feita no ambulatório. Para isso, a equipe é formada por neuropsicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros. “Outro trabalho é o rastreamento de pacientes que precisam de medicação especial para demência, que possui um custo elevado e é fornecida pelo Governo Estadual”, conta Felipe.
Há 18 anos, Nelson Adelmo Schneider Filho, hoje com 70 anos, separou-se da mulher, Liduvina Bombardo, 69 anos, e foi morar sozinho. Seis anos atrás, ele voltou, já doente, e passou a morar na casa dos fundos de onde ela mora. Com o tempo, a saúde psiquiátrica dele se deteriorou. Com quadro de esquizofrenia, passou a ter alucinações, delírios e alterações no contato com a realidade.
A falta de tempo dos filhos, que trabalham, e a dificuldade de cuidar do paciente em casa fez com que a família optasse por levar Nelson a uma casa de repouso. Mesmo assim Liduvina, que diz sentir por Nelson "um amor ágape", o leva às consultas psiquiátricas, busca os remédios fornecidos gratuitamente pelo município e garante outros mantimentos. Mas, agora, é a cuidadora que também está doente. "Tive depressão e também sou paciente do ambulatório. Todos me tratam muito bem e dão todas as orientações que preciso”, elogia Liduvina.
Foto: Silvio Ramos
Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais
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