Pacientes do Caps AD - trabalho na horta, como terapia para a recuperação
Hortas se transformaram em instrumento terapêutico para pacientes dos três centros especializados em atendimento à saúde mental de São José dos Pinhais: os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) Infantil, Álcool e Drogas e Saúde Mental.
De acordo com a terapeuta do Caps Álcool e Drogas, Olaídes P. Costa da Silva, há mais de 30 anos na função, as oficinas que envolvem o trabalho em hortas ajudam o paciente a reconhecer suas potencialidades e limitações e a exprimir seus sentimentos. Também desenvolvem aspectos emocional, social, intelectual e físico, buscando também resgatar a independência e autonomia.
Coordenadora do Caps II, Silvana Lang Araújo, mostra a horta da nova unidade de Caps, em SJP
Silvana Lang Araújo, coordenadora do Caps II (Saúde Mental para adultos), que já está pronto e deve iniciar as atividades nos próximos dias, explica que a horta funciona com auxílio das secretarias de Agricultura, Urbanismo e Saúde. "A comunidade também vem oferecer ajuda e a horta é algo que chama muito a atenção, é envolvente", destaca Silvana.
A coordenadora do Caps II explica que a reforma psiquiátrica está mudando o cenário da Saúde Mental, no Brasil. "O trabalho em hortas é um exemplo da nova política de saúde mental, que vem substituindo os hospitais psiquiátricos. Assim se oferece uma terapia fora do hospital, de atendimento multidisciplinar. O objetivo é ressocializar do indivíduo, recuperá-lo pela inserção familiar, social, comunitária e no mercado de trabalho, modelo que os Caps trabalham", esclarece Silvana.
No Caps Álcool e Drogas, em média cinco homens trabalham semanalmente para viabilizar a horta. Um deles, hoje com 60 anos, fala da experiência que passa aos que vão chegando, a se dedicarem às plantas. "Faz mais de seis meses que me trato aqui. Preciso vencer a dependência do álcool. Como tenho experiência no cultivo de hortaliça sou encarregado de ensinar aos demais. Isso me faz bem. Levamos verduras para casa, para degustar com a família. São todas orgânicas", conta ele, com orgulho.
Crianças do Caps Infantil, plantam e acompanham o desenvolvimento das hortaliças, como parte das atividades terapeuticas
Outro homem conta que um amigo que se recuperou da dependência sugeriu que ele fizesse o mesmo. Ele seguiu o conselho e agora está se sentindo muito melhor. "O trabalho na horta faz a gente ter alguma coisa boa em comum, sabe? Passa a ser um bom motivo vir para cá, para cuidar de algo bom para nós, para todos", avalia.
As crianças, atendidas pelo Caps I, também demonstram apreço e curiosidade pelo processo que vai desde o preparo da terra e acompanhar o desenvolvimento das plantas até a colheita. "Eu acho legal a atividade na horta, vou pedir pra minha mãe para fazermos uma horta em casa", afirma L.R.J. de 9 anos. Já seu amigo, T. F.G. de 10 anos, disse que gosta tanto da oficina de Horta que nem vê o tempo passar.
Para a psicóloga do Caps Infantil, Rosalina Lourenço, a oficina de horta tem sido um ótimo recurso terapêutico. "Com esse trabalho, a criança conquista habilidades sociais e ganha autoconfiança ao exercer o cuidado com a planta. Também aprende o respeito por meio da divisão dos materiais, a solidariedade em ajudar aqueles que apresentam maiores dificuldades de entendimento e coordenação motora e a motivação para o trabalho em grupo", destaca.
Roslina acrescenta que o Caps trabalha a alimentação saudável como estímulo ao bom desenvolvimento físico e mental.
Fotos: Guilherme Maiorky
Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais
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