Terezinha da Rosa e Manoel Machado moram ao lado da antiga empresa que é acusada de poluição
Nos anos 80, a empresa Recobem Comércio de Tintas e Vernizes Ltda se instalou no Jardim Cristal, bairro de São José dos Pinhais, para reciclagem de materiais que eram utilizados na pintura de equipamentos produzidos por grandes empresas em diferentes cidades, como Curitiba. Os empregos na Rua deputado Luiz Gabriel Sampaio eram uma nova oportunidade também para os moradores do bairro ao lado, no Marambaia, porém, quando houve a falência da Recobem, há 18 anos, o trabalho se transformou em preocupação com a saúde e desvalorização dos imóveis que ficaram com fama de locais contaminados.
Paulo da Silva Filho, que pertence à Associação de Moradores do Jardim Cristal e Jardim Marambaia (ASSOCRISMA), publicou um livro como cronologia deste caso, incluindo várias informações do processo judicial que está em julgamento e que pede indenização aos proprietários da massa falida e das empresas que se utilizaram dos serviços da Recobem.
“Não foi coincidência que a Recobem se instalou ao lado do rio Itaqui, no bairro Jardim Cristal, e tinha depósito ao lado do Rio Miringuava, no bairro Barro Preto, e ao lado do Rio Ressaca, no bairro Xingu. Desta forma, os resíduos que ela não conseguia reciclar foram jogados nos rios e enterrados. Isso contaminou o solo o que gerou muitas doenças para ex-funcionários e quem estava na vizinhança. Temos casos de crianças que nasceram com má formação no corpo e deficiência mental", acusa Paulo da Silva.
Paulo não mora mais no Jardim Cristal, porém, percorre os endereços dos participantes do processo coletivo cada vez que surge uma novidade. “Na época, apesar de várias denúncias, não houve interesse da Prefeitura e do Governo do Estado. Até hoje, a única coisa que temos é a esperança no processo e o que ficou foi a comunidade doente. Os médicos dos postos de saúde da região sabem que o número de pessoas com problemas de contaminação de chumbo, que foi parar na água, é grande, com gente que sofre do estômago e do pulmão”, diz Paulo da Silva.
Somente no Cristal e Marambaia moram mais de três mil pessoas. Maria de Fátima de Carvalho é cabeleireira no Cristal e seu marido, falecido há alguns anos, era funcionário registrado na Recobem. “Ele não usava equipamentos de segurança e foi ficando doente por vários problemas e morreu”, lembra a cabeleireira que é parte dos moradores no processo coletivo.
Terezinha da Rosa, que reside ao lado do que já foi a sede da Recobem, fala que toda a região tem fama de local contaminado, o que desvaloriza o preço das casas. “Quando a gente diz onde mora as pessoas não esquecem a história desta empresa maldita”, fala Terezinha da Rosa.
O PautaSJP.com está em contato com o Ministério Público para saber se ainda há algum processo por parte do órgão no caso.
Fonte: PautaSJP
0 comentários:
Postar um comentário