Famílias em situação de risco no entorno do rio Ressaca ganham novos lares

Sandra Bavieira fez 40 anos nesta semana e ganhou um presente de aniversário que esperava há bastante tempo. Ela se mudou na manhã de quinta-feira (24) junto com marido, filhos e neto para uma nova casa no bairro Jardim Ouro Fino, em São José dos Pinhais. O novo lar é perto o suficiente do antigo para manter as amizades e as crianças na mesma escola, e longe o bastante para não sofrer mais com as enchentes do rio Ressaca que atingiam a casa que vivia há cinco anos. Sandra e seus familiares são apenas uma das 18 famílias que a Prefeitura de São José dos Pinhais já tirou desde o início de janeiro de áreas irregulares nas margens do rio, problema que se arrasta há mais de 30 anos no município. A realocação dessas pessoas faz parte do projeto do parque linear do Rio Ressaca. A proposta visa controlar o problema das enchentes e poluição tirando as famílias que foram construindo suas casas no entorno do rio e proporcionar a elas moradia digna e fora de situação de risco. A obra acontece em três fases e tem previsão de terminar em 2013, com a construção de um parque urbano com a oferta de espaços ajardinados e equipamentos de lazer e recreação. Segundo o coordenador municipal da Defesa Civil, Márcio José Pereira, hoje existem cerca de 75 famílias que se encontram em situação de risco no entorno do rio. Cinquenta estão espalhadas em toda a área do Ressaca, de 13 km², e as outras 25 fazem parte apenas do primeiro trecho, onde as obras estão chegando, e por isso precisam sair de lá. Para tirar esses moradores das áreas de risco, que se tornam cada vez mais perigosas com as constantes chuvas, a Prefeitura de São José dos Pinhais instituiu o vale-aluguel, um benefício mensal no valor de até R$ 500 pelo período de um ano. Para ter direito a esse benefício é necessária emissão do laudo pela Defesa Civil, atestando o risco, e ainda um documento da Secretaria de Assistência Social, comprovando a dependência da moradia dessas pessoas. “Esse controle é importante porque neste primeiro momento estamos atendendo quem está em situação realmente de risco. Estamos priorizando essas famílias, para depois, atender todas as 257 que estão abrangidas pelo projeto”, explica Pereira. Em paralelo a isso, a Secretaria da Habitação já deu andamento à licitação para construir conjuntos habitacionais para dar moradia definitiva a essas pessoas. Caso o processo transcorra sem entraves judiciais, a obra das primeiras 70 casas está prevista para começar em abril e ficar pronta no 2º semestre de 2011. Sandra, a matriarca que se mudou ontem, se declarou feliz e aliviada. “Já não sei mais quantos móveis perdemos com os alagamentos. Qualquer chuvinha que desse, a água já entrava em nossa casa e ficava mau cheiro, além de estragar nossas coisas”, ressalta ela, que veio do bairro Boqueirão, em Curitiba, há cinco anos para morar em uma casa nas margens do rio. Taciane Santos de Oliveira, de 21 anos, também já saiu do entorno do rio para uma casa conquistada com o vale-aluguel. Ela, que mora no Jardim Ouro Fino às margens do Ressaca desde que nasceu, hoje se diz satisfeita em poder dar uma nova condição para seu filho Hyan, de 4 anos. “Vamos melhorar em vários aspectos. Em questão de saúde, higiene, segurança. Vida nova a partir de agora”, declarou. “Estamos empenhados para atender todos esses moradores e dar a eles condições dignas de moradia. Nosso trabalho está apenas começando e estamos muito felizes em poder ajudar essas pessoas após 30 anos de más condições e descaso do poder público. É uma obra extensa e complexa, mas que vai beneficiar todo morador de São José dos Pinhais”, afirma o secretário de Habitação, Joacir Colaço Cantido. OBRAS – Aproximadamente 10% das obras do 1º trecho já estão concluídas, 41 famílias já estão com os acordos fechados para receberem suas indenizações e 35 ainda estão em negociação com a Prefeitura. A previsão é de que o 1º trecho seja finalizado em agosto de 2011. Na seqüência, o 2º e 3º trechos devem ter duração de um ano cada. A área total atingida pela revitalização compreende a bacia hidrográfica do rio Ressaca, com uma área de 13 km², abrangendo os bairros Cidade Jardim, São Cristóvão, Centro, São Pedro, Pedro Moro e Itália, do lado direito da BR 376; e Boneca do Iguaçu, Águas Belas, Cruzeiro, Ouro Fino e Costeira do lado esquerdo da rodovia.

Casa que Sandra morava há cinco anos. Nas margens do rio, sem segurança e higiene para sua família.

Taciane já saiu desta casa, onde morou por 21 anos. Agora, seu filho terá uma nova vida, segundo ela.

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais