A Renault está negociando com o governo do Paraná investimentos em dois projetos, a expansão da fábrica localizada em São José dos Pinhais e a ampliação da área de engenharia. A montadora opera em três turnos desde junho, tem o Brasil como um de seus mercados prioritários e espera fechar o ano com produção de cerca de 200 mil veículos, perto de sua capacidade instalada, que é de 224 mil. O acordo poderá sair na primeira quinzena de setembro.
O secretário da Fazenda do Paraná, Luiz Carlos Hauly, está otimista. Ele disse que o governo ofereceu novamente diferimento no prazo de pagamento de ICMS, como foi feito no passado, para a atração de investimentos de montadoras no Estado. "Como é ampliação, podemos fazer isso. São linhas novas", afirmou, ontem, pouco antes de um encontro, em Paris, entre o governador Beto Richa (PSDB), o presidente executivo do grupo Renault, Carlos Tavares, e o presidente da operação Mercosul, Jean-Michel Jalinier.
Enquanto recebia Richa em Paris, a direção da empresa fechou ontem no Paraná um dos maiores acordos salariais do país. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba informou que os 6,1 mil empregados da Renault receberão, entre 2011 e 2013, até 20,19% de aumento real, R$ 61,5 mil de Participação nos Lucros e Resultados e abono, além de reajuste salarial.
O acordo trabalhista pode ser o primeiro sinal da intenção da companhia francesa de investir mais no Paraná, apesar de Jalinier ter revelado, segundo a "Abrare News" (uma publicação da rede de concessionários da marca), a possibilidade de construir nova fábrica em outro Estado ou mesmo de um novo investimento ser direcionado para outras filiais, como Argentina, Colômbia e México.
Segundo a publicação, o executivo revelou a necessidade de buscar uma forma de ampliar a produção anual brasileira em 100 mil veículos, o que representa quase 50% mais do que hoje. Com esse volume adicional, a marca estaria pronta para ter em torno de 8% das vendas de automóveis e comerciais leves no Brasil, o que representa avanço de três pontos percentuais em relação à fatia atual. Somado à decisão de reforçar a engenharia, um plano desses precisa de investimentos de mais de R$ 1 bilhão.
Oficialmente, após a reunião de ontem, em Paris, foi divulgada a entrega de uma carta de intenções na qual o governo formaliza o interesse pelos investimentos. Richa está em viagem pela Europa e visitará outras empresas. "A Renault tem projetos que podem gerar empregos na área de produção e engenharia", comentou, em nota. Segundo a assessoria da montadora, o encontro foi agendado a pedido do governador e descartou anunciar investimentos em breve.
Já faz algum tempo, porém, que a empresa sente necessidade de investir mais no Brasil. O primeiro sinal surgiu quando se viu forçada a operar em três turnos, o que deixa a manufatura com pouca flexibilidade para aumentar o ritmo.
Além disso, essa é a grande chance de uma empresa, que passou anos patinando na tentativa de ampliar participação no mercado brasileiro, de fato deslanchar. A Renault está em plena fase de lançamentos, que desfrutam da expansão do mercado brasileiro e de seus vizinhos. Em poucas semanas, estreará no segmento de utilitários esportivos robustos, com tração 4X4 e 4X2, com o modelo Duster (fabricado no Paraná).
A produção da Renault no Brasil em 2010 somou 172 mil veículos, dos quais 57 mil foram exportados. De janeiro a julho de 2011, a empresa elevou suas vendas no Brasil em 23,5% em relação a igual período de 2010, enquanto o mercado registrou expansão de 8,1%. Em maio, Jalinier previu que o Brasil deve desbancar a Alemanha no ranking mundial da empresa, ficando atrás apenas da França.
Fonte: Valor Econômico
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