Karla não consegue atendimento para Gustavo.
Pais de crianças portadoras de necessidades especiais que moram em São José dos Pinhais sofrem com a falta de estrutura da cidade, que tem 300 mil habitantes e é uma das “mais ricas do Paraná”, conforme o site da prefeitura. Prova disso foi registrada na sexta-feira, quando a representante comercial Karla Wollinger levou seu filho Gustavo, portador de paralisia cerebral, para consulta com fonoaudióloga na Unidade de Saúde Dr. Nestor Cruz Santos, no Afonso Pena. Atendida numa sala improvisada, foi avisada que não havia condições para que a consulta, agendada há dois meses, fosse realizada.
Karla teve que voltar para casa com o filho, que tem seis anos e se alimenta por sonda. “A profissional informou que não atendia crianças especiais por falta de pessoal. Ela disse que são três fonos para atender o município e a zona rural. Disse que tinham que atender as crianças ‘normais’ que falam errado e são motivo de chacota na escola. Quer dizer então que crianças especiais não têm direto de ser feliz? De sentir o sabor da comida gostosa?”, questiona.
A situação precária no atendimento infantil da unidade parece generalizada, tanto que não há mais vagas para consulta com pediatra, como mostra comunicado afixado na entrada. Outra reclamação é a acessibilidade. No dia da consulta, Karla percebeu que havia outra mãe acompanhando o filho com paralisia cerebral na cadeira de rodas. Como só há escadas, a médica teve que descer à recepção para atendê-lo.
Educação
Karla se queixa ainda da falta de centros de reabilitação na cidade. “Procurei vaga na única escola, mas não tinha. Mesmo assim, lá não tem fonoaudióloga, fisioterapeuta, nem enfermeira. E se a sonda estoura?” critica. Sem outra opção, Karla deixa Gustavo em casa. “É lamentável a situação do município, que tem mais habitantes que Araucária, onde tem muito mais fonoaudiólogos”, compara.
Busca em outras cidades
A prefeitura de São José dos Pinhais admitiu que não houve investimento em saúde no atendimento especial por falta de recursos e está trabalhando para contornar o problema, herdado da gestão passada. Quanto às escolas especiais, a administração informou que existem particulares, porém, não há convênio com nenhuma delas. A orientação é que mães se dirijam a hospitais de outros municípios, como o Pequeno Príncipe, em Curitiba. “Eu fui até lá, mas também não consegui vaga”, lamenta Karla.
Fonte: Paraná Online
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