Uma das 12 sedes da Copa do Mundo 2014, Curitiba deve receber para o evento 508 mil turistas, sendo 100 mil estrangeiros, segundo estimativas do Ministério do Turismo. E os taxistas serão os primeiros a ter contato com pessoas vindas de outras partes do Brasil e do mundo. Com o objetivo de verificar se eles estão preparados para atender os visitantes, a Gazeta do Povo testou o serviço de táxi: foram oito viagens saindo do aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, em direção a diferentes pontos do município e de Curitiba. Os taxistas foram aprovados nos quesitos honestidade, gentileza e preparo para dar informações, mas escorregaram na prova de inglês.
Adilson Sá Pedroso, 38 anos, há 15 taxista: “Honestidade vem de berço”
Somente um dos taxistas testados afirmou falar “um pouco” de inglês, porém não conseguiu manter um diálogo no idioma, limitando-se a responder as perguntas que entendeu com “yes” e “no”. Nas empresas, o quadro não é diferente. Edson Fernandes, presidente da Associação das Centrais de Rádio Táxi, confirma que não há atendentes que falem outro idioma, mas diz que as centrais estão se preparando para, até a Copa, ter profissionais que possam atender os turistaspor telefone.
Honestidade
Apesar de serem frequentes os relatos de experiências desagradáveis envolvendo taxistas, todos os motoristas testados pela Gazeta do Povo tiveram postura exemplar. A reportagem selecionou três destinos e fez duas viagens para cada um, em horários semelhantes, para que o trânsito e a bandeirada fossem os mesmos. Nas três viagens os valores foram praticamente iguais, com diferença de centavos.
Adilson Sá Pedroso, 38 anos, é taxista há 15 anos. Sem saber que se tratava de uma reportagem, foi muito prestativo ao orientar sobre restaurantes, lugares para sair à noite, assim como locais que devem ser evitados devido à falta de segurança. Ele não fala inglês, mas estuda sozinho para se preparar para a Copa. “A honestidade vem de berço”, diz, ao comentar o fato de a reportagem não ter identificado irregularidades no pagamento. “Se a pessoa realmente é honesta e justa no que faz, ela aplica isso a tudo”, acrescentou.
Em outra corrida, saindo do aeroporto em direção a um hotel do centro de Curitiba, o taxista era Miguel Maurício da Rocha. Ao perceber que o passageiro estava interessado na cidade e curioso para conhecê-la, ele mostrou alguns pontos que estavam no percurso e ofereceu um serviço de “táxi tour”, no qual ele leva o turista para os principais pontos turísticos da cidade e cobra R$ 250.
Passageiros querem pagar com cartão
Após realizar uma enquete com pessoas que utilizam táxis em Curitiba e São José dos Pinhais, a reportagem confirmou que, em linhas gerais, os passageiros estão satisfeitos com o serviço. Apenas duas reclamações surgiram. A primeira delas é o número reduzido de carros. Curitiba tem 2.252 táxis, o que significa um para cada 775 habitantes. Desde 1975 não é feita licitação. Um projeto que estabelece a ampliação do número (entre 200 e 1,2 mil carros) foi sancionado, mas a Urbs, empresa que gerencia o sistema, ainda avalia qual é a real necessidade de Curitiba.
Em São José dos Pinhais, a frota passou de 197 para 478 táxis no ano passado e todos os carros podem atender o aeroporto em um rodízio. O motorista fica duas semanas no terminal e uma na cidade.
Outro problema citado pelos passageiros é a baixa aceitação de cartões como forma de pagamento. A justificativa dos profissionais é que as taxas são muito altas. Uma possibilidade é pagar a corrida no guichê da Cooperativa Aerotaxi ou solicitar um carro que tenha o leitor.
Valor fixo
Quem opta por ir ao guichê da Cooperativa Aerotaxi paga um valor fixo que varia de acordo com o bairro. Também há dois preços, um para os horários de bandeira 1 (segunda à sexta-feira, das 6 às 20 horas, e sábado, das 6 às 13 horas) e outro para bandeira 2 (nos demais horários). O pagamento pode ser feito com cartão, dinheiro ou cheque. Em algumas situações o valor é mais alto, mas taxistas e alguns passageiros comentaram que em horários de pico ou para locais mais distantes, vale a pena pagar pelo táxi antes de sair do aeroporto. Uma viagem até o centro na bandeira 1 sai por R$ 61, e R$ 65 na bandeira 2. Para o Batel, fica R$ 65 e R$ 69.
Oportunidade - Programa prepara motoristas para a Copa
Para ajudar os motoristas que desejam se preparar para recepcionar melhor o turista, existe o programa Taxista Nota 10, iniciativa do Sebrae em parceria com entidades da área dos transportes. O programa inclui cursos gratuitos de inglês, espanhol e gestão de negócios. “Sabendo que este profissional dificilmente vai para a sala de aula, formatamos um material para ele aprender à distância”, explica Joelma de Freitas, técnica de formação profissional do Serviço Social do Transporte.
O motorista recebe o conteúdo de gestão, estruturado em 15 edições de jornais recebidos mensalmente e com provas presenciais. Até agora, 200 taxistas de Curitiba e região se inscreveram e a meta é que 600 profissionais façam o curso. Luiz Carvalho, da Secretaria Municipal Extraordinária da Copa 2014, diz que o “objetivo é capacitar ao menos 2 mil taxistas até o início da Copa”. Em Curitiba, há 4.869 taxistas, entre permissionários, colaboradores e empregados. Em São José dos Pinhais são 478.
Fonte: Gazeta do Povo
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