“Quer jogar? Quer jogar? O Brasil vai te ensinar.” Foi com esse grito, de quem já comemorou cinco títulos mundiais e não vivia uma boa fase desde 2009, que os mais de 70 mil torcedores que compareceram ao Maracanã extravasaram o sentimento de que a seleção brasileira voltou ao topo do futebol mundial. Desta vez, a marchinha “Touradas de Madri”, entoada na última goleada sobre a Fúria, na Copa de 1950 (6 a 1), no mesmo “Maior do Mundo”, deu lugar ao ritmo do funk (na versão de o “Bonde do Tigrão”), que embalou os gritos dos brasileiros que comemoraram o tetracampeonato da Copa das Confederações.
Mas não foram apenas os gritos após o Brasil impor o placar de 3 a 0 que chamaram a atenção no Maracanã. O torcedor “jogou” junto o tempo todo. E já era de se esperar que a pressão sobre a Fúria seria grande. Antes mesmo do apito inicial, as vaias não paravam quando qualquer menção ao time espanhol surgia no telão ou na arquibancada do estádio.
Os atletas da equipe comandada por Vicente del Bosque até tentaram conquistar os torcedores ao acompanhar a cerimônia de encerramento do torneio do banco de reservas. Mas foi em vão. Vaias, vaias e mais vaias. Era a resposta das arquibancadas do Maracanã. Ninguém queria saber do melhor futebol do mundo.
Jogadores fazem a saudação no fim: torcida joga junto com a Seleção rumo ao título (Foto: Agência Reuters)
No hino nacional da Fúria, respeito. Mas bastou o alto-falante cessar para o apupo surgir em todo o estádio. E no Hino Nacional Brasileiro? “Ouviram do Ipiranga...” a plenos pulmões. A cada frase, a entonação era ainda mais alta, e tudo com o consentimento dos jogadores que, abraçados, pareciam buscar ainda mais fôlego para mostrar que todos estavam prontos para jogar juntos.
E, logo nos primeiros minutos, 11 espanhóis pareciam estar encarando mais de 70 mil brasileiros. Aos dois, Fred abriu o marcador e incendiou o estádio. A partir daí, os torcedores passaram a mostrar ainda mais confiança na conquista do título: “O campeão voltou! O campeão voltou!.”
Os torcedores seguiram jogando junto com os 11 de Felipão. Chamavam a Espanha de “timinho” a cada falta e vaiavam o árbitro holandês Bjorn Kuipers após as marcações contra o time canarinho. No fim do primeiro tempo, Pedro recebeu de frente para Julio César e tocou para o gol. David Luiz apareceu de carrinho para cortar. Parecia o segundo gol do Brasil.
- David Luiz! David Luiz – gritavam os torcedores.
Neymar vai comemorar nos braços da torcida o segundo gol da vitória brasileira sobre a Espanha (Foto: EFE)
Mas não poderia faltar o gol do camisa 10. O gol do principal jogador da seleção brasileira na Copa das Confederações. E ele apareceu. Aos 44, Neymar recebeu pelo lado esquerdo e soltou a bomba: 2 a 0. Foi aí que o estádio entrou em êxtase: “Olê, olê, olê, olê, olá, Neymar, Neymar!”.
Foi o clima mais do que favorável para o time descer ao vestiário e ouvir novas instruções de Felipão. Bate-papo que não mudou o estilo de jogo. Marcação forte e contra-ataques rápidos. E, aos dois minutos da etapa final, Fred marcou mais um em lance rápido. O que antes do apito inicial poderia ser uma dúvida, um triunfo sobre a poderosa Espanha, tornou-se realidade. E novos gritos surgiram no estádio. Desta vez, para tripudiar os rivais: “É chocolate!”
Até mesmo a cantora colombiana Shakira foi lembrada pelos torcedores brasileiros. Piqué fez falta dura em Neymar e levou o cartão vermelho. E ele jamais esperou ouvir os gritos da torcida por sua amada na saída do gramado. Mas não era para vangloriar uma boa atuação. E sim para comemorar a expulsão, que facilitou ainda mais a vida da seleção brasileira. A partir daí, o que se viu no Maracanã foi uma grande festa. De funk a sambas-enredos. Tudo era motivo para vibração. E os ecos no estádio no fim não poderiam ser diferentes.
Fonte: Globo Esporte